Crítica | Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra
Alguns filmes de terror conseguem ser tão ruins que se tornam bons, e acabam virando clássicos trash. Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra (The Mouse’s Trap) 2024 tenta emplacar por esse caminho, mas falha miseravelmente e é apenas um filme ruim.
Enredo
O enredo de Mouse Trap mais parece uma série de esquetes que uma história amarada e coesa, no fim tudo se torna uma desculpa para o assassino ter as vitimas a sua mercê e assim seguir de uma cena de morte para a próxima, tudo isso com um passo demasiadamente arrastado e um pouco estranho. A história fica pulando do presente para o passado. Onde no presente temos uma sobrevivente de um massacre, Rebecca (Mackenzie Mills) contando sua história em uma delegacia que mais parece ter sido feita de papelão. Já no Passado acompanhamos a personagem Alex (Sophie McIntosh) que trabalha em um fliperama no turno da noite, e é surpreendida pelos seus amigos que organizaram uma festa de aniversário surpresa para ela. Tudo ia bem até que um assassino com máscara de Mickey Mouse começa a matar um a um todos os convidados.
Arte
O filme mais parece um projeto universitário, que um longa metragem comercial. Os cenários são todos precários e claramente filmados em um fliperama que a produção conseguiu alugar durante a noite. A iluminação é quase inexistente, como já esperado nesse tipo de filme. A caracterização do longa também é muito fraca, sendo o destaque a máscara do assassino, que em um primeiro momento parece se tratar de algo proposital para criar uma comédia de terror e enfatizar os clichês do gênero nos clássicos dos anos 80 e 90, mas ao longo do filme isso é colocado em dúvida pois tudo parece se levado a sério de mais, com exceção de uma meta piada ou outra, perdidas ao longo de uma hora e vinte minutos de um filme que passa a maior parte do tempo se levando a sério de mais.
Som
O som de Mouse Trap se resume ao barulho de fundo de um fliperama em repetição por mais de uma hora. Na metade do filme você já vai estar incomodado com isso no mesmo nível da jukebox de bar que sempre toca a mesma música ou do jingle do caminhão do gás. Além dos efeitos de fundo irritantes, pouca coisa se destaca no quesito sonoro aqui. Sendo que uma das decisões estranhas do longa é dar voz ao Mickey Mouse assassino, porém a voz do personagem não tem nada a ver com o personagem animado que conhecemos e amamos e mais parece uma mistura de Perna Longa com o assassino do filme Pânico.
Atuações
Você dificilmente verá algum desses atores ganhando um Oscar no futuro, e bem na verdade você dificilmente verá alguns deles fazendo outros filmes. O nível de atuação aqui beira o amador, e flerta com o cômico involuntário. São todas atuações canastronas, inclusive do vilão que teria o papel mais fácil por estar atrás de uma máscara, mas que consegue entregar uma atuação tão forçada e robótica que ao invés de risos só provoca vergonha alheia. O destaque aqui fica para Simon Phillips que consegue fracassar três vezes no mesmo filme, fracassa como escritor (crédito esse, que parece dividir com alguma IA), fracassa como Dono do fliperama Tim Collins e fracassa também como Mickey Mouse Assassino.
Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra é apenas mais um filme da leva de projetos sem alma e preguiçosos, que pega personagens populares que entraram em domínio público e transfigura eles para tentar chamar a atenção. Esse tipo de filme já perdeu o efeito chocante e a novidade, e na verdade já está se tornando enfadonho. Muitas coisas poderiam ter sido feitas aqui para destacá-lo ou torná-lo uma experiência singular, a premissa de ser uma comédia de terror parece interessante à primeira vista, mas a verdade é que o longa se leva a sério de mais para ser uma comédia e é cômico de mais para ser terror. No fim vemos claramente que o verdadeiro monstro é a lei de direitos autorais norte americana, que permitiu que personagens infantis como Mickey Mouse e Ursinho Pooh se tornassem protagonistas de filmes slasher caça-niqueis.
Trailer