Crítica

Crítica | Chama a Bebel


Janeiro marca o período de férias para as crianças. Enquanto o verão domina as cidades e os pequenos desfrutam do tempo longe das escolas, os pais buscam maneiras de entreter seus filhos, e uma das opções mais atraentes é o cinema, especialmente devido ao ar-condicionado. Por que não unir diversão e aprendizado? Essa é uma das propostas ao assistir “Chama a Bebel”, o mais recente filme infantojuvenil brasileiro que chega às telas de todo o país nesta semana.

Bebel (Giulia Benite) é uma jovem cadeirante que passou toda a sua vida estudando na mesma escola no interior. Agora, aos quinze anos, ela precisa mudar para uma escola na cidade, deixando sua mãe, Mariana (Larissa Maciel), e seu avô, João (José Rubens Chachá), para viver com a família de sua tia, Marieta (Flávia Garrafa). Ao chegar na nova escola, o professor Denis (Rafa Muller) propõe uma tarefa aos alunos: pensar e apresentar uma solução sustentável para algum aspecto da escola. A partir daí, Bebel enfrenta problemas, pois Rox (Sofia Cordeiro) e suas amigas implicam com ela, já que Bebel idolatra a jovem ativista Greta Thunberg e, assim como ela, tem opiniões sobre como melhorar o mundo – algo que vai contra o estilo de vida de Rox.

Com uma duração de uma hora e trinta minutos, “Chama a Bebel” é, acima de tudo, um filme extremamente didático. Nesse contexto, o diretor Paulo Nascimento (também responsável pelo filme “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”, cujo protagonista era um homem cego) presta um excelente serviço à população com seu projeto, especialmente aos professores, que podem usar o filme para iniciar diversos debates em sala de aula. Este é claramente um dos objetivos do filme, pois aborda vários temas em sua trama, como reciclagem, capacitismo, maus-tratos aos animais, preconceito, entre outros.

A abundância de temas pode tornar a trama um pouco densa, com informações demais para serem contidas em uma hora e meia. O roteiro, assinado pelo próprio Paulo Nascimento e por Ricky Hiraoka, apresenta personagens adolescentes visando entreter o público infantil; no entanto, muitas ações são apenas sugeridas no enredo, sem ocorrerem de fato (por exemplo, a resolução da história é narrada em off pela protagonista, com eventos selecionados que resumem o desfecho), ou são enfatizadas demais (como a tia vilã, cujos trejeitos são marcados para tornar suas intenções evidentes para o público infantil).

Giulia Benite, também produtora associada de “Chama a Bebel”, incorpora à sua protagonista uma presença forte e líder, tornando-se conhecida como a “dona da rua” em seu trabalho anterior como Mônica em “Turma da Mônica: Laços”. Suas melhores cenas são os debates com a antagonista Rox, interpretada com carisma e malícia por Sofia Cordeiro.

“Chama a Bebel” combina entretenimento e didática, ensinando enquanto diverte. É uma ferramenta valiosa para pais e professores dialogarem com seus filhos e alunos, transformando o tempo de férias em uma oportunidade de aprendizado através do cinema. Uma excelente opção para um programa em família.

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NOTA: 3.5/10

Lesley Ceni

Amante de cinema, séries e vídeo game, principalmente o retrogame. Após anos consumindo muitas coisas boas e ruins, tento apresentar a visão mais sincera atualmente.

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